quinta-feira, março 20, 2008

Primavera

Chegou a Primavera
e com ela as raras flores do Horst de Cantanhede


As mini orquídeas




E porque também há pastores no Horst e porque gosto do "Guardador de Rebanhos" que escreveu poemas, escolhi dois para patilhar, são de Albero Caeiro


Quando Vier a Primavera

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se eu soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo se eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

Quando tornar a vir a Primavera

Quando tornar a vir a Primavera
Talvez já não me encontre vivo no mundo.
Gostava agora de poder julgar que a Primavera é gente
Para poder supor que ela choraria,
Vendo que perdera o seu único amigo.
Mas a Primavera nem sequer é uma coisa:
É uma maneira de dizer.
Nem mesmo as flores tornam, ou as folhas verdes.
Há novas flores, novas folhas verdes.
Há outros dias suaves.
Nada torna, nada se repete, porque tudo é real.
Alberto Caeiro

1 comentário:

Anónimo disse...

boa tarde!

O meu nome é Regina Bilro, sou jornalista do Independente de Cantanhede e estou interessada em explorar alguns temas abordados nos seus blogs.
deixo-lhe o meu endereço electrónico (reginabilro@gmail.com) na esperança de que entre em contacto comigo.
com os melhores cumprimentos,

regina bilro